Abertura da Semana de Jornalismo conta com a presença de reitor e convidados ilustres

quarta-feira, 16 de junho de 2010

O tema deste ano abordou a relação entre os direitos humanos e o jornalismo

 

Por: Diego Gouveia

 

Na manhã do dia 24 de maio de 2010 ocorreu a abertura oficial da Semana de Jornalismo, promovida todos os anos pelo Departamento de Jornalismo da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP), em parceria com os alunos do curso de jornalismo. Realizada na sala 239 do prédio novo da unidade Perdizes, a Cerimônia de abertura contou com a presença do reitor da PUCSP, professor Dirceu de Mello. O tema escolhido para este ano foi "Jornalismo e Direitos Humanos: Compromisso dos jornalistas e o papel da imprensa no Brasil". A primeira mesa de discussão recebeu a participação do Candidato à presidência pelo PSOL, Plínio de Arruda Sampaio, e a juíza da Associação dos Juízes para a Democracia, Kenarik Boujikian Felippe. A mediação ficou por conta do professor do curso de jornalismo da PUCSP, José Arbex Jr.

Em seu discurso de abertura, o reitor Dirceu de Mello agradeceu o convite, ressaltou a importância do curso de jornalismo, e até confidenciou que quase chegou a atuar no ramo jornalístico, não o fazendo porque, na época, conseguiu uma grande oportunidade como advogado. Por fim lamentou não poder assistir à mesa que se seguia, pois tinha compromisso em outro lugar.

A primeira mesa de discussão da semana teve como assunto "A luta pelos direitos humanos no Brasil". Na primeira parte da discussão, o candidato à presidência pelo PSOL, Plínio de Arruda, ressaltou a importância da garantia dos direitos humanos para todos "independentemente do que tenha feito". Falou da defesa dos direitos humanos mesmo contra a opinião pública, quando esta age de maneira vingativa, criticando o estilo repórter policial, como o de Datena e Afanasio. "Você não pode condenar uma pessoa antes do julgamento". E concluiu afirmando que "o jornalismo é um lugar de muito poder".

A juíza Kenarik Boujikan citou o artigo 3º da constituição de 1988, afirmando existir uma contradição entre este e as demandas neoliberais. Em relação à adoção do discurso neoliberal, afirmou que "a imprensa teve papel fundamental para vender que este neoliberalismo é vantajoso". Sobre a relação entre o juiz e o neoliberalismo disse que "Não dá pra ser juiz sem saber o que está acontecendo no seu país". Levantou a discussão sobre a questão da imparcialidade, ao afirmar que nem o juiz, nem o jornalista são totalmente imparciais. "O juiz é imparcial no decorrer do processo". Falou da censura praticada por juizes contra jornalistas nos casos onde os mesmos são proibidos de falar sobre certas pessoas, e classificou isso como uma violação de direitos. "Tá pior do que na época da ditadura, nesse aspecto". Ainda lembrou da autocensura por parte dos jornalistas e que "existem formas sutis de violar os direitos humanos" através da forma como é escrita uma notícia.

A segunda parte das discussões foi aberta para perguntas do público aos participantes da mesa. De posse da palavra, Plínio Arruda reiterou a afirmação de sua companheira de mesa ao dizer que "o jornalismo tem que ser parcial, sempre foi (...) o juiz extravasa na sentença sua visão de mundo (...) o conceito de parcialidade tem que ser claro". E terminou fazendo uma ressalva sobre os diversos movimentos que estão surgindo na sociedade (tal qual os ambientais): "tudo que vira tudo acaba em nada".

Já a juíza Kenarik Boujikian explicou que o juiz é parcial quando tem um compromisso. Falando de si própria disse: "minha opção política é: garantir o que está na constituição". Falou que a forma como o juiz pergunta tem um compromisso político, e diferenciou um juiz imparcial de um arbitrário. Indagada sobre o que falta para impedir a violação dos direitos humanos no Brasil, visto que o mesmo possui uma das mais avançadas constituições do mundo, além de uma série de estatutos que, teoricamente, garantem a preservação dos direitos humanos, a resposta da juíza foi: "lutar e resistir". Finalizou sua fala afirmando que os direitos vem de um processo, e que é preciso fazer pressão dentro dos mecanismos do Estado.



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