Ficha a limpo: ela por ela

quarta-feira, 12 de maio de 2010


Lisonjeada por ser o primeiro membro do grupo dos PROUNIDOS JOPUC 2010 a contar sua história, cá estou, em pura letra, para me apresentar. Simplesmente Maiara Miranda, aquela que é, mas não é, Trujillo; testemunha desse Estudo Errado e, a partir de agora, sua porta de apresentação. Sejam bem-vindos!!!!

O lar e também a criação são os primeiros fatores a influenciar a educação de um indivíduo. No meu caso, os pais - amantes da leitura e que mais tarde se tornariam professores - foram os responsáveis por construir um ambiente de aprendizado. Casa recheada de livros e eu coberta de incentivo.

Comecei a ler aos quatro anos, por invejar meu irmão que se deliciava com "A Turma da Mônica". Turrona como de costume, fui quase autodidata; não aceitava ajuda, apenas perguntava o bê-a-bá. Os exemplares trazidos pela mãe, diariamente ou semanalmente, não eram suficientes (consumidos no tempo de uma viagem São Roque-São João Novo). Começava, então, minha primeira luta: entrar adiantada no primeiro ano, pois a pré-escola parecia inútil.

Após imensa dificuldade (e uma prova) consegui, enfim, uma vaga. No início estudava numa igreja do bairro, porque a escola não estava pronta; dividida por uma tábua, simulava duas classes: uma com 1ª e 2ª séries, outra com 3ª e 4ª. Depois de algum tempo a situação se normalizou. Ainda com apenas duas salas, estudava com os alunos do segundo ano, devido ao meu avanço em relação à escrita e à leitura.

No ano seguinte, entretanto, voltei a cursar a segunda série, já que não poderia "pular" mais uma. E assim passei até o segundo ano do Ensino Médio; mesma turma, mesmo bairro e escolas (sempre públicas) respectivas ao período: 2ª a 4ª - E.M.E.F. São João Novo - Ciclo I; 5ª a 8ª - E.M.E.F. São João Novo - Ciclo II (apesar de não ter prédio próprio na ocasião; utilizava o da Epaminondas); 1º e 2º Ensino Médio - E.E. Prof. Epaminondas de Oliveira.
Nesses anos, presenciei os maiores sintomas dessa doença chamada Ensino Público Brasileiro, cuja cura até o momento não foi encontrada. São alguns deles: falta de professores, ou - quando eles existem - enorme despreparo; ausência de estrutura e suporte; desmotivação e, na maioria das vezes, carência dos alunos; direção autoritária e ineficiente. Ou seja, temas, infelizmente, comuns e que serão detalhadamente abordados no blog.
O último ano foi realizado em outra cidade, pois no início de 2009 mudara para Ubatuba; considerada por mim a grande virada da minha vida sem emoções e baladas. A mudança foi pessoal e acadêmica, já que foi a primeira vez que me separei dos amigos e tive professores totalmente estranhos. Pronto, minha segunda luta: ganhar destaque entre pessoas e em um lugar completamente desconhecidos.
Devo confessar que fui bem-sucedida no meu propósito. Além de amigos e muito respeito, conquistei uma grande oportunidade de auxílio aos meus estudos. Uma professora, colega do meu pai, me ofereceu uma bolsa em seu cursinho. Diria que o DeGrau foi fundamental e inesquecível - como tudo nesse ano em UbaCHUVA. Obrigada "Titia Liliam"!!!!

Voltando ao assunto escola pública...



Foi na E.E. Capitão Deolindo de Oliveira Santos que redescobri a esperança nos professores dessas instituições. Claro que a estrutura e a direção - jovem, é verdade - tinham seus pontos fracos, mas essa foi a melhor escola em que estudei. Professores muito capacitados e bem-graduados que escolheram o litoral como modo de vida.

Após sofrer preconceito e ser alvo de hostilidade; fazer amizades e viver, sem constrangimentos, tudo que cerca o ensino público; ter desfrutado de cultura, esporte e estudo de línguas (4 anos de CNA); realizaria, então, meu grande objetivo: cursar jornalismo em uma grande universidade. A ponte para isso foi o PROUNI, resultado de anos de dedicação. Porém, como tudo é conquistado com dificuldade, essa foi a minha terceira luta: vencer não só os concorrentes que vinham dos quatro cantos do Brasil, mas sobreviver à tortura física e psicológica exercida no processo de seleção. Teste de resistência e obstinação. Enfim, conseguimos!!! Parabéns a todos que suportaram essa fase e seguem em frente. Amanda, César, Diego e Teresa, principalmente: entramos pela porta dos fundos, mas sairemos como vencedores. Hoje, somos todos filhos da PUC.





6 comentários:

Professor Rubens disse...

Adorei o Blog. Parabéns a vocês!
O artigo está emocionante.

Amanda e Luiz disse...

Nossa, hein! Essa é a minha menina prodigio! Adorei a parte "pois a pré-escola parecia inútil".
Parabéns pelo texto, está muito bonito, me orgulho de ser parte do prounidos =))

Diego Gouveia disse...

Profunda no pensamento, precisa nas palavras. Parabéns Maiara, você conseguiu fazer um texto que não deixa de tocar quem o lê, que mostra as suas dificuldades, sem apelar, sem agredir ninguém.
Ah, também gostei da parte do prounidos =)

Ana Beatriz Camargo disse...

Primeiro, super parabéns pela dedicação, Maiara. A sua história é muito interessante e muito bonita também. Imagino o orgulho que a sua família deve ter de você e a felicidade que isso deve te proporcionar.

Parabéns também para todos os "Prounidos" (também adorei essa parte)! Só queria comentar uma frase em específico: "entramos pela porta dos fundos, mas sairemos como vencedores". De que vocês sairão vencedores eu não tenho dúvida alguma agora quanto a forma pela qual entraram na PUC, o ProUni, não diria de forma alguma que ela é porta dos fundos. Não há porta principal ou secundária, todos entramos alí através do nosso esforço e da nossa dedicação nos exames. Essa conotação só serve para tirar o mérito e impor um juiz de valores desnecessário.


Mais uma vez, parabéns pra o grupo todo. Beijos.

Ana Beatriz - grupo PAUTA PUC(www.semcontraindicacao.blogspot.com)
www.declarando.blogspot.com

Maiara Miranda disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Maiara Miranda disse...

Ana Beatriz, quando usei a frase: "entramos pela porta dos fundos", não me referi ao PROUNI, nem a qualquer pessoa. Esse desabafo foi destinado à forma que fomos tratados no processo pós-aprovação. O descaso com os concorrentes às vagas e as humilhações (provações) sofridas durante o mesmo. Não sei se você sabe, mas entrar pelo PROUNI é muito mais do que realizar uma prova. Acho bom você acompanhar nosso blog para aprender um pouco do que nós passamos o tempo todo; pois parece que, ao contrário do que pensa, não conhece muito sobre esse assunto "clichê", não é??

Obrigada pelo prestígio que nos dá.